segunda-feira, dezembro 31, 2012

Sobre como enxergar de verdade


Hoje te observei fazer planos, para mais tarde te ver imersa em decepção. Teus pensamentos gritam sobre tua cabeça e obrigam-me a escuta-los. Como poderia? Os teus sonhos são tão passageiros e tuas atitudes tão extremas. Como Adequar-se a isto?

A decepção é algo tão recorrente em nós. Observar teus erros é um exercício sádico de alto-aprendizagem. E quando vences, me sinto pouco importante.

O mundo não é tão grande, então... Por que não me enxergas? Estou tão longe assim? Quando estendo a mão sobre teu caminho, você para, ainda assim, não me enxergas.

Olhar-te assim, confusa, me deixa triste. Talvez tudo isto seja bom afinal, te observo errar e aprender, bem, talvez seja bom.

Se pelo menos pudessem me ver errar e aprender assim...

Talvez se eu fosse um daqueles personagens de filmes trágicos, triste e mudo, minha agonia teria algum sentido. Por certo seria amado.

Você poderia me assistir e aí, assim, talvez, me percebesse de verdade. Talvez, um pouco depois, valeria a pena estar vivo, e não apenas insistir em viver por viver. Não, viver é sentir que há realmente um proposito em estar aqui, do teu lado. Viver não é apenas ter medo da morte.

Todavia, fosse ruim também, me enxergar de verdade, nem todos os meus erros me servem de lição. Mas, ainda assim fosse bom, me ver olhar para o nada. Talvez você me enxergasse ali, exatamente ali, pensando. Talvez sobre: como enxergam as formigas... Assustadas, apressadas e discretas.

Ali, olhando para o nada, com um pequeno sorriso no canto da boca, eu seria um personagem perfeito. Talvez, por estar atuando sobre mim, ou por estar fingindo ser eu mesmo. Talvez ali, bem depois, meu sorriso se transformasse em lagrimas, e ansiedade seria uma palavra esquecida. Porque talvez, alí, por hora, fosse mais importante colar o ouvido ao chão e descobrir... Como amam as formigas...

D. Benner

terça-feira, dezembro 18, 2012

O mal que se fez ontem...



O quanto honesto eu tenho sido neste ultimo ano? Pergunta difícil. Sei que passei por tantas coisas que acho que ainda estou assimilando algumas delas. Mas fazendo um auto-exame profundo de consciência, vejo que foi um ano de extremos.

Um ano engraçado de fato. Um ano que consegui as duas maiores vitórias de minha vida, mas não antes de passar por sentimentos e situações estranhas. Um ano que comecei ainda acorrentado a velhas lembranças, mas que agora se encontram muito bem enterradas e esquecidas. Um ano que conheci a melhor pessoa do mundo, a pessoa que amo de verdade, e que gostaria de levar pelo resto de minha vida. Um ano que me formei na faculdade, e dou um novo passo rumo à construção do meu futuro.

Mas nesse trajeto que fiz, neste ultimo ano, o que foi que eu deixei? Se um coração sara, outros parecem que se ferem. Fiz o mal que me fizeram como uma criança mais velha perturba a mais nova e indefesa. Trouxe confusão e sofrimento por puro egoísmo e por satisfação pessoal. Esta pessoa que fui esse ano, eu não reconheço, mas o mal feito por ela, irá se arrastar. Talvez para que eu aprenda mais uma lição. Para que eu aprenda na pratica que toda ação gera uma reação e minhas atitudes não repercutem apenas sobre minha vida, mas indubitavelmente podem afetar a vida de outras pessoas.

Sendo honesto comigo mesmo, e para que eu nunca me esqueça disso, eu fui um canalha, e cuidarei para que isso nunca mais aconteça.  

terça-feira, novembro 27, 2012

Relojoeiro...



Menininha: O que você tanto olha para o relógio?
Menininho: Shii! Estou procurando...
Menininha: ...
Menininho: ?
Menininha: Achou?
Menininho: Ainda não!
Menininha: ...
Menininho: ...
Menininha: Falta muito?
Menininho: Não sei... Posso ver seu relógio?
Menininha: Pode.
Menininho: Hmm... Também não tem...
Menininha: ?
Menininho: ...
Menininha: O quê que não tem no meu relógio?
Menininho: A hora "H".
Menininha: ?
Menininho: Me disseram que quando chegar a hora "H" tudo vai dar certo, então quero saber quando ela vai chegar. Só que não consigo achá-la em relógio algum...
Menininha: Mas você é muito bobo mesmo...
Menininho: Pelo menos eu estou procurando...
Menininho: ...
Menininho: E você?
Menininha: O que tem eu!?
Menininho: Porque anda com esse coração na mão?
Menininha: Para que não se perda por aí...
Menininho: ...
Menininho: Não seria melhor entregar a pessoa certa?
Menininha: ...
Menininha: E como saber quem é a pessoa certa?
Menininho: Hnnn...
Menininho: Acho que a pessoa certa vai saber... 
Menininha: ...
Menininha: Vai?
Menininho: Uhum...
Menininho: ...
Menininha: Você complica demais!
Menininho: Uhum...
Menininho: Agora você responde a minha pergunta... 
Menininha: Hnnn... Que pergunta?
Menininho: ...
Menininho: Como demorei tanto para te encontrar?
Menininha: Não sei... Você demorou?
Menininho: Não sei...
Menininha: ...
Menininho: As vezes parece um instante, as vezes parece a eternidade...
Menininha: Você conhece a eternidade?
Menininho: Não...
Menininha: Então como pode lhe parecer a eternidade se você não a conhece?
Menininho: Eu imagino. Assim como talvez eu já tenha te imaginado, fazendo parecer que te conheço a tanto tempo.
Menininha: Mas acabamos de nos conhecer...
Menininho: ...
Menininha: ...
Menininho: Talvez já tenha se passado um instante suficiente para que eu imagine toda a eternidade em que poderíamos viver, ou ainda pode ser que tenhamos toda a eternidade para aproveitar os instantes que virão...
Menininha: É, talvez estes instantes durem toda a eternidade.
Menininho: Talvez a eternidade dure em todos os instantes...
Menininha: ... 


sábado, novembro 24, 2012

Essência do fim



Então amigo...
Quando foi que isso começou?
Certamente é bem mais fácil lembrar-se do inicio.
O meio, o intervalo entre o principio e o fim, esse é que nos custa lembrar.

Não porque seja de todo ruim,
Não é...
Nem que esteja fora do alcance da reminiscência...
No entanto...
É precisamente aí que nos pegamos desamparados,
Lutando para esquecer tudo aquilo que nos custou conquistar.
Cada momento único...
Que em sua síntese já valeria uma vida plena.

Cada detalhe ínfimo.
Cada mistério...
Cada sorriso de canto de boca
Cada suspiro e frio na barriga
Cada olhar direcionado ao nada
Cada pensamento que gostaríamos de escutar
Cada alvitre protegido em um canto seguro na memória
Que agora deverá ser evitado...
Mas de quem é a culpa amigo?

Não creio que seja possível apontar culpados.
Por vezes as coisas são perfeitas na totalidade do instante,
Na efemeridade do eterno.
Somos volúveis de fato.
Não necessariamente ruins...
Não necessariamente mal intencionados...
Não totalmente convictos
E nem tão pouco incrédulos.
Somos um instante onde tudo faz sentido
Envoltos por um infindável ciclo de incertezas... 


Amigo!
Nem a morte pode te fazer distante.
O clico da natureza está falhando.
Eu posso te ver!
As lagrimas derramados foram em vão,
Os sonhos desfeitos agora podem ser renovados
O clico se rompeu...

A vida não é mais o prenuncio da morte
Nem alma a essência da vida
Nem os sábios são os mestres da verdade
Nem os tolos são inguento da mentira.
Nem é possível dizer quem está certo agora
Ou quem esteve errado no passado.

Tudo se encontra perto do princípio
Tanto quanto perto do final.
Toda a realidade se monta a nossa volta
Em um ciclo que se comprime, contrai e dilata...
Revelando-nos todos os segredos...
Todos os mistérios...
As repostas para as questões mais profundas
Abruptamente, diante do ultimo suspiro...
Um olhar...
Um sorriso...
Não exatamente em vão
Não necessáriamnete benéfico
Nem tão pouco desnecessário...
Um segundo...
Um instante eterno...
Sem lagrimas...
Sem arrependimentos.
Sem passado.
Sem futuro.
Sem nada.

sábado, novembro 17, 2012

O trapezista.



Menininha: Porque você me ama?
Trapezista: Porque te amar é muito fácil.
Menininha: Fácil?
Trapezista: Sim... Fácil assim como amar algo que se procura por toda uma vida.
Menininha: ...
Menininha: E o que você encontrou em mim?
Trapezista: Aquilo que eu procurava. Uma zona livre de desequilíbrios...
Menininha: ...
Menininha: Imagino que desequilíbrio não seja algo bom para um trapezista.
Trapezista: Não é. Por isso você é importante pra mim.
Menininha: Isso faz de mim um trapézio?
Trapezista: Não. Faz de você tudo.
Menininha: ...
Menininha: Tudo é muita coisa.
Trapezista: É...
Menininha: E o que você espera de mim.
Trapezista: Nada, apenas que você não fuja
Menininha: ...
Menininha: E se eu fugir?
Trapezista: ...
Trapezista: Bem não sei até onde posso te seguir.
Menininha: ...
Menininha: Você desistiria?
Trapezista: Não...
Menininha: ...
Menininha: Por quê?
Trapezista: Porque não posso desistir de tudo.
Menininha: ...
Trapezista: ...
Menininha: Verdade...
Menininha: Quando começou a se sentir assim?
Trapezista: Assim que soube que você existia...
Menininha: Como soube?
Trapezista: É aquele tipo de resposta que se consegue quando você para de se perguntar...
Menininha: Hunnn ...
Menininha: O que eu devo fazer?
Trapezista: Apenas aquilo que você quiser.
Menininha: Eu tenho medo.
Trapezista: Eu também.
Trapezista: ...
Menininha: ... 
Menininha: Tem medo de mim?
Trapezista: Não...
Trapezista: Eu tenho medo de despencar.
Trapezista:: ... 
Menininha: Eu não quero que você despenque.
Trapezista: Eu sei...
Menininha: Então não suba até onde eu não possa ter certeza de que você não irá cair...
Trapezista: Há como ter certeza?
Menininha: Não sei, mas não quero que você se arrisque.
Trapezista: Já estou me arriscando!
Menininha: ... 
Menininha: Acho que eu também.
Menininha: ... 
Menininha: E o que isso quer dizer?
Trapezista: Que já caímos uma vez, e por isso já sabemos o que não fazer...
Menininha: Então não vamos cair?
Trapezista: Não, se depender dos meus braços para te segurar...

Texto e arte Deyvid Benner.

domingo, novembro 11, 2012

PENUMBRA.





Olá, hoje trarei um texto não tão bem humorado, e conseqüentemente talvez também não tão atrativo.Um texto motivado por um dia estranho, concebido em meio a sensações estranhas. Neste dia que escrevo me sinto um tanto quanto deslocado. Um tanto quanto confuso. E é sobre essas sensações que irei escrever hoje.

Para entender como me sinto (se é que isso é relevante) e para entender também o significado desse texto, é preciso antes entender o termo que dá titulo a este artigo: PENUMBRA...

Esse termo é a analogia mais aproximada que encontro para elucidar meus sentimentos, pois diferentemente da sombra, a penumbra trata-se de um ponto de transição entre a luz e a sombra. Imagine um corpo sendo iluminado por uma fonte de luz extensa, ou seja, não puntiforme. Desse acontecimento teremos regiões que não serão atingidas pelos raios luminosos, são as sombras, e regiões que serão atingidas por apenas alguns raios de luz, essa é a região de penumbra. O meio termo entre a luz e as trevas, O CINZA. Algo complexo de ser definido ou analisado. Algo inconstante. Tenho me tornado penumbra, não pela minha própria natureza, mas em função da natureza a qual tenho sido exposto.

Então vamos aos motivos que creio que tenham me levado até esse tema.

Como eu disse, hoje foi um dia estranho. Hoje senti calafrios. Fiquei tonto. Minha boca ficou salivando como se eu estivesse me preparando para vomitar. Fiquei desorientado, como quando na única vez que desmaiei. Logo percebi que esses sintomas não tinham nenhuma causa externa, ou melhor, pelo menos nenhuma tangível. Conversava com alguém enquanto olhava pra baixo e pensava: “será que estou morrendo?”. Senti vontade de correr, ou de simplesmente de dizer que estava passando mal. Mas não tive fôlego, e esperei que a pessoa em questão percebesse que eu não estava bem. Mas nada aconteceu. Eu não fiquei melhor, dei um tempo e me senti bem o suficiente para sair dali. Fui andando sozinho, me dei conta que estava sem camisa, sentei em um lugar não necessariamente adequado e comecei a pensar. Ignorando o fato de que minha lucidez poderia ser colocada em questão, baixei a cabeça e comecei a refletir sobre questões intrínsecas ao meu eu, e percebi de onde vinha o meu mal estar.

Eu percebi que eu estava divido. Percebi que eu era uma penumbra, por assim dizer, por não conseguir me adequar ao que me era imposto. Por não fazer parte do meu meio e por sofrer as conseqüências disso.

Existem coisas com as quais não tenho conseguido lidar. Principalmente se tratando de pessoas. Uma vez ouvi que é muito difícil amar as pessoas apesar delas. Ou seja, é um desafio amar as pessoas, sendo elas como são. E isso tem se mostrado verdadeiro em minha vida. Tenho visto uma dualidade absurda nas ações das pessoas que me cercam. E isso paulatinamente tem me feito perder o interesse em lidar com essas pessoas...

Às vezes queria conhecer as pessoas o suficiente apenas para não sentir nojo. Tenho sentido um nojo generalizado. Um nojo tão forte que me dá náusea e que não me deixa estimulado a interagir...

Este é um sentimento cíclico, pois já estive diante dessa mesma questão, e foi um tempo difícil, onde me isolei o quanto pude e lastimei mais ainda. Tenho me decepcionado com a hipocrisia que me cerca. A hipocrisia de um pai que vai a Igreja todo o Domingo, e que no dia seguinte me pede para baixar vídeos pornográficos com os mais altos níveis de perversão... A hipocrisia de mulheres que falam sobre respeito e valorização, mas que vivem em função de homens que as traem e as maltratam. Cenas abundantes de traição em meu ciclo familiar... Homens casados que saem com mulheres e com outros homens e conseguem vincular isso a masculinidade. Mulheres que sabem disso e se mostram omissas. Tudo aos olhos da próxima geração. As filhas e filhos de hoje que veem nisso uma normalidade deprimente, e que com certeza, não tardarão a repetir o mesmo...

Eu não sou puritano. Não sou perfeito. Não tenho um guia de como ser um ser humano limpo e integro, se é que isso tem algum significado. Mas me recuso a aceitar nessas situações que me cercam a normalidade da natureza humana. A conformidade de uma vida dirigida de forma hedonista. A vulgaridade de pessoas que cobram atitudes nobres e vivem no meio da lama, em situações tão nojentas que me faz querer vomitar...
Não tenho conseguido separar o lado bom e o lado mau das pessoas. É triste não pode fazer nada. Queria simplesmente ignorar isso tudo, curtir minha família e admirar meus pais e amigos incondicionalmente. Mas não consigo, e isso me afeta.

Queria poder subsidiar meu texto com mais exemplos, e com isso, consequentemente, elucidar melhor a compreensão dos vocês, mas isso seria expor demais pessoas que apesar de serem como são, ainda me fazem as querer bem...

Sinto que não posso julgar o mundo com base em minhas premissas morais. Sinto que não posso afastar as pessoas por constatar que nem de longe elas são perfeitas. Mas pra variar, queria lidar com mais que um punhado de pessoas pelas quais consigo exercitar algum tipo de admiração. E pra essas eu sempre tento deixar o melhor de mim...


Pessoas são binômios. Vivemos em um constante estado de conflito. Conflito entre aquilo que parece conveniente, entre aquilo que parece correto, ou até mesmo aquilo que tenta de maneira quase utópica conciliar as duas questões.  As pessoas nos fascinem e nos decepcionam com a mesma facilidade. Tenho me decepcionado bastante. Tenho confiado pouco e me aberto menos ainda. Não por que eu não queira, é que a inconstância das pessoas me desestimula a um ponto de eu não querer mais interagir...

Nesse ultimo ano tenho experimentado os dois lados de um vértice de luz. Hora do lado mais bem iluminado, e que pode ser considerado o bom, outra hora, do lado mais obscuro. Puxado às vezes, outras vezes empurrado, ou as vezes, apenas escorregando. Mas eu sei por onde seguir. Eu sempre soube qual era o meu caminho. Embora em alguns momentos pessoas tenham me feito desabar e duvidar daquilo que eu era, outras surgem e me mostram que eu não estou exatamente sozinho, e que o caminho que se estende pelas sombras, apesar de mais fácil, não rende os resultados daquele que se estende em meio penumbra. Iluminado o suficiente para que possamos apreciá-lo, mas não tão claro ao ponto de nos cegar.

sábado, outubro 27, 2012

Para que todos riam, e o amor morra


Então falamos sobre amor. E todos riam. Então tentamos mudar de assunto, mas todos ainda riam.
É aí que você percebe que você sempre vai ser tolo na visão de alguém.
É aí que você se dá conta que o amor é triste, assim como tudo que sujeita-se ao tempo.
É aí que você tenta cultuar algo mais simples, como amizades. Amigos que você conhece por aí, que você falará coisas, que depois falará a outros amigos que você conhece por aí, que depois te dirá coisas.
Aí percebemos que temos muitos amigos que nos falam coisas, e que falamos muito e nos importamos muito pouco. É aí que o amor se torna uma palavra sem sentido. Uma palavra dirigida pela conveniência.
Pois a regra sempre foi, diga que ama, apenas quando não amar.
Mesmo assim desejamos tentar lutar uma batalha onde se perde apenas uma vez.
Ainda assim desejamos estar juntos, além de uma realidade onde não se pode amar.
Foi quando percebi que amar era simples. Que te querer era fácil. Que fugir era impossível. 
Deixei que todos rissem. Talvez eles estivessem certos. Talvez eu estivesse errado. 
Os risos se tornam aplausos harmoniosos com o som do choro. 
Uma abraço, um beijo e um corpo para cada lado.
Uma mão tremula e uma luva ensanguentada, porque quem me ama não existe mais, e nem quem a amou.

sexta-feira, outubro 26, 2012

Um caso para entender todos os casos.


Foi apenas um sonho. Certamente não foi real e não deve ter durado mais que alguns minutos. Uma vez vi em um programa de TV que sonhos não duram mais que cinco minutos cada um, mas este pareceu ter durado muito mais que isso.
Foi estranho e confuso lidar com as verdades intrínsecas do meu eu. Ver um virar três, ver três virar nada. Três paixões, um amor, uma verdade apenas. Um sonho estranho, que não pode ser definido com palavras simples. Ou talvez simplesmente não possa ser definido.     
Estranho ver você sentada na minha frente, me olhando. Estranho pensar que aquilo era real. Estranho, mas não totalmente ruim. Não foi ruim.
Mesmo assim era embaraçoso, olhar pra você, enquanto eu não estava sozinho, mas só dois de nós entendia a razão.  Porque não éramos dois, e sim três.
Um passado um presente e uma desordem. Sonhos são estranhos, mas eles talvez digam algo sobre nós que ainda levaremos certo tempo para entender.
Era embaraçoso olhar pro você, ver meu passado condenando meu presente, ver meu fracasso estragando meu sucesso.  Éramos três, mas apenas um sonhava, apenas um amava, apenas um se culpava e apenas um entedia.


D. Benner..                                                                   

segunda-feira, setembro 10, 2012

Poema com rosto



(...)
Do despertar não tiras descanso
Dos sonhos não tiras futuro
Da vida não tiras proposito 
E nem dos amigos refugio
(...)

D. Novaes

quinta-feira, setembro 06, 2012

SOBRE SER ADULTO


Descobri que era quando as caixas de chocolate começaram a durar mais que um dia.
D. Novaes, sobre ser adulto.



Frases...

Se você se acha anormal, isto é sem duvidas um dado indicador de sua normalidade. Pois quem geralmente afirma ser normal, normal não é.


D. Novaes

quarta-feira, setembro 05, 2012

Quando de repente é tempo de mais


Tenho esperado, mas não sei exatamente por que.Tenho esperado, e essa espera me faz querer não fazer nada. Tenho esperado por momentos que já vivi, por pessoas que não voltam, por sensações que esqueci. Tenho esperado no silencio, na insônia, na melodia, no suspiro, no medo. Espero por um nome, as vezes dois, as vezes nenhum. Espero com a mesma ingenuidade de uma criança que amarra uma toalha em volta do pescoço e fingi ser um herói. Eu sou o herói? Espero com a certeza que não me deram, com os sonhos que não tenho mais. Espero pelo “de repente” mas, as vezes, de repente é tempo demais.



D. Novaes

Amor primitivo


Foste tu a primeira 
Que de certa maneira
meio sem querer
Me fez perder a vontade de querer
Me obrigastes a parar pensar e agir
Sem pensar somente em mim... 
Como quem busca o bem maior
Mas ao achar
Esquece o que buscava.
Vai-se assim seguindo 
Achando depois de cada passo
Um destino trágico.
Que não era o meu 
Nem o teu
Nem o nosso.
Ainda assim insisti...
Com medo porem do fim
A esperança cega
A indiferença chega 
O coração esfria
E o amor encerra.


D. Novaes

domingo, setembro 02, 2012

O VAZIO




Onde NINGUÉM me vê

É exatamente aqui que me sinto desamparado,
Onde ninguém me vê.
Onde estou cativo do meu próprio eu.
Na utopia da razão emancipada,
Ou algo semelhante.

É aqui que me escondo sem esconderijo...
Onde me perco de mim mesmo quando todos tentam me achar.

É aqui onde muitas verdades nascem e morrem...
Verdades tão volúveis e efêmeras quanto podem ser.

Aqui, onde reside o vazio,
O consciente,
 O EU.
...
Tudo reside aqui,
Através de lampejos alegóricos de algo que não está exatamente acordado.
Ou dormindo...

As verdades momentâneas que transgridem os axiomas da realidade.
Verdades que me punem, me acusam e que Deus nunca iria perdoar.

Que vazio é este aqui, que nem os vivos e nem os mortos dão conta de sanar?

A quem diga que já passei dos limites,
Os limites definidos por alguém para separar os loucos dos lúcidos,
Os justos dos Injustos,
O joio do trigo...

E o que é isso que chamam de loucura?
E isso que chamam de razão?
O obscuro entre o pensar, agir e falar?
O dilema entre a mentira apropriada e a verdade assassina?
Os sonhos sonhados quando se está de olhos abertos?
Ou os sonhos sonhados por um cego?

....

Foi por isso que Nietzsche chorou...
Por estar louco,
Ou cego?
Chorou pela morte de Deus
Ou por tê-lo matado?
Chorou por estar sozinho.
Ou desamparado?

Tal como Édipo que vazou os próprios olhos...
Ou a Esfinge sem charadas vagando entre os sonhos de homens insensatos...

É aqui que me perco.
É aqui que “logo penso”.

É aqui que Deus existe e deixa de existir,
Na conveniência do medo, na controvertida razão...
Ou nas lagrimas de um filosofo.

Aqui onde a razão e a loucura são indistintas,
Onde o mundo é sem fronteiras,
Onde o pudor não existe,
E onde a vergonha me norteia...

Onde não existe céu e inferno,
Onde não há sonho que padeça,
Onde a história nasce e morre,
Onde o coração sente e dói...

Aqui são empreendidos a salvação e o milagre,
Os mistérios e as verdades,
As perguntas e as repostas...

É aqui onde à alma nasce e ela deixa de existir,
É aqui onde céticos e místicos se perdem,
Se confundem e se condenam...
Residência segura do ego e da retórica,
Do bem e do mal,
Da vida e da morte,
De Deus e do Nada,
É aqui,
Onde logo existo,
sofro,
amo,
cultivo delicado sabor do ódio e da vingança...

Aqui,
Onde desapareço sem deixar vestígios
Aqui,
no vácuo...
Entre o nada e Eu...
Tudo em um piscar de olhos.
Sem necessariamente querer,
Sem necessariamente não querer...

É aqui onde a humanidade tem apenas uma garganta,
Onde os amigos chegam e se vão,
Onde as promessas são feitas e desfeitas
Onde o amor permanece,
Mesmo quando tudo lhe faz crer que não...

Aqui é a medida de toda existência,
De toda fabula e utopia,
Do gênio e do tolo,
De todo santo e pecador,
De todo minuto e segundo,
Onde todos os círculos se completam e se desfazem,
E a divina comedia é sobre Deus e não o Diabo...

Aqui, é onde as lagrimas mais sofridas são derramadas...
Onde o silencio mais profundo grita,
E o grito mais desesperado se cala.
Aqui...
Onde Pagliacci sorri
E o medico chora.
Onde o ubermensch é o macaco,
Onde a mão amiga nunca Alcança
E o desespero transborda.
...
Catatonia constante...
De uma vida inteira sem intervalos...

Tudo aqui...
Entre o vazio e EU,
Entre um piscar de olhos...
Sem necessariamente querer,
Sem necessariamente não querer.
Apenas o vazio...

Por: D. Novaes