segunda-feira, novembro 08, 2010

O vôo da borboleta causa uma tempestade em um copo d’água!


Bem... eis-me aqui, pra falar um pouco sobre casualidade, copos d’água, e como isso pode tomar proporções inesperadas.

Vou logo advertindo que o começo do texto é meio cansativo, mas tenham forças o final compensa.

Então comecemos...

Causalidade é a relação entre um evento (a causa) e um segundo evento (o efeito), sendo que o segundo evento é uma conseqüência do primeiro.

Num sentido mais amplo, a causalidade ou determinação de um fenômeno é a maneira específica na qual os eventos se relacionam e surgem. Apreender a causalidade de um fenômeno é apreender sua inteligibilidade.

Quando me refiro à casualidade desta maneira, estou se referindo às coisas que acontecem em nosso cotidiano. Coisas que fazemos, muitas vezes sem prestar atenção, mas que fazem toda diferença em nossa vida. Principalmente no nosso futuro. É a simples dinâmica da causa e efeito.

Que apostar?

Antes de começar a abordar necessariamente o contexto de casualidade, darei uma breve e nada atraente introdução sobre teoria do caos. Pois quero contextualizá-los a respeito do que abordarei mais adiante.

Colocando de maneira simples, teoria do caos, são resoluções físicas e matemáticas que tratam de dinâmicas de sistemas complexos com resultados variáveis.

Aí você me diz:

- Han? What the fuck!

Calma, eu vou contextualizar melhor.

Um exemplo bem pratico de uma dinâmica que pode ser englobado pela teoria do caos é a chuva. Sim, a chuva. Para que chova, é preciso que vários eventos ocorram com certa linearidade. Por exemplo, a temperatura do ar, a ebulição da água, a própria formação das nuvens. Tudo isso depende de uma dinâmica muito complexa que abrange desde calor, frio, a evaporação da água, o clima, condições do sol, os eventos sobre a superfície da terra e inúmeros outros fatores.

Então, deu pra perceber que para que uma simples chuva ocorra, existem muitas variáveis que devem ser consideradas, e isso ocorre constantemente, muitas vezes, sem nos darmos conta.

Essa mesma dinâmica também ocorre no nosso dia-dia... Como? É isso que vou tentar explicar agora.

Tomando como referência o caos e a casualidade, podemos supor que nosso futuro vai se formando devido a inúmeras circunstâncias casuais. São essas circunstâncias, que regem nossa vida desde o momento em que nascemos. Englobando tanto nossas ações, quanto as dos outros.

Acompanhem-me em um exemplo simples:

Carol sempre acorda as 7:00 da manha para ir ao trabalho, mas hoje, seu despertador não funcionou. Quando ela finalmente acorda já são 8:10. Ela se da conta que está muito atrasada, e faz tudo muito rápido para que possa chegar o mais rápido possível no trabalho.

Ela se arruma e sai, mas devido à pressa, esquece sua bolsa. Tentando ganhar tempo, Carol pega um Taxi, ao invés do ônibus que sempre pegava. Quando chega em seu destino, ela sai sem se dar conta que não havia pago a corrida. O taxista logo lhe aborda, mas Carol percebe naquela hora, que havia esquecido sua bolsa. Então o taxista começa a achar que está sendo passado pra traz e exige seu dinheiro de maneira rude e agressiva. Carol desesperada por não conseguir fazer o taxista entender o que houve, começa a chorar. Comovido pela cena um rapaz que passava por perto na hora, se oferece para pagar a corrida (cavalheiro, não?). Enfim, Carol fica muito agradecida e descobre que o Rapaz se chama Roberto e trabalha na mesma empresa que ela. Logo eles se tornam mais próximos, e eventualmente, começam a namorar. Roberto é um rapaz jovem, bonito, inteligente, prestativo, porem gosta muito de dirigir em alta velocidade, principalmente quando está alcoolizado.

Um dia quando Roberto saia de uma festa com Carol e alguns amigos, ele começa a se exibir ao volante. Como todos no carro estavam tão ou mais embriagados que ele, começam a incentivá-lo, e ele acelera ainda mais, perdendo o controle do volante, indo parar na contra mão e batendo de frente com outro carro. Não há sobreviventes nesta história.

Perdão se a história foi meio chata, mas o que eu queria mostrar com ela é que pequenos detalhes fazem toda diferença. E a dinâmica da casualidade sustenta-se nisso. O despertador não funciona, Carol se Atrasa, conhece Roberto e etc...

Bem, a questão é: Será que se Carol não tivesse conhecido Roberto ela ainda estaria viva?

Será que se ela não houvesse esquecido a bolsa ela teria conhecido Roberto?
E as pessoas do outro carro? Perceberam como as escolhas dos outros interferem também em nossa vida?

Enfim, nesta pequena história, percebem-se inúmeras variáveis, que poderiam desembocar em infinitas possibilidades dependendo da mudança de pequenos detalhes.

Acaso? Ou destino? Particularmente prefiro a primeira opção. Não vou falar sobre destino, pois pretendo escrever mais profundamente sobre este em um próximo artigo. Então voltemos à casualidade.

Se, conseguiram acompanhar meu raciocino até aqui, então devem estar cientes de como nosso “destino”, por assim dizer, é resultados de dinâmicas complexas. Que consideram não só nossas ações, mas também vários processos paralelos a essas. E tudo isso ocorre a cada milésimo de segundo, em escalo universal, levando-nos a concluir que nossas escolhas, têm relevância insignificante perante as complexas e imprevisíveis determinações do acaso.

Espero que quem conseguiu chegar até aqui, esteja com forças o suficiente para ir mais adiante. Pois é agora que as coisas começam a melhorar, e o blogueiro que vus escreve, vai dar um exemplo pessoal de acaso.

Bom, quem prestou atenção no titulo do artigo, percebeu que estou fazendo referencia a teoria do caos, e a idéia que o simples bater de asas de uma borboleta pode causa uma tempestade do outro lado do mundo. Tamanha é a influência de pequenas ações na dinâmica geral do nosso universo. Então vamos entender agora a outra parte do titulo “tempestade no copo d’água”

Mas, pra isso, primeiro terei que relatar algo que aconteceu comigo sexta-feira passada, e que inegavelmente, me fez resolver escrever sobre este tema neste blog.

Então vamos ao causo...

Bem, eu estou no 4ª período do curso de Licenciatura em História. Sim, logo mais serei professor e ensinarei aos seus filhos. Não temam, prometo que eu os devolvo sem muitas seqüelas, ou pelo menos, irei tentar.

Mas continuemos...

Eu saí do curso mais cedo na sexta, pois não teria aula nos três últimos horários. Fui até a republica onde moro, mas estava fechada, pois ainda era muito cedo e ninguém havia chegado. Como eu não tenho a chave (pois é dois anos na mesma republica e nunca tirei copias da chave), decide ir até o campus onde minha namorada estuda. Já havia feito isso algumas vezes e sempre foi uma boa idéia. Mas neste dia não foi.

Peguei um ônibus, fui para o campus onde ela estuda, e entrei em sua sala. No caso, 4ª período de Letras.

Sim entramos na faculdade juntos, e minha namorada é uma letrada. Moram de inveja!

Coff... Coff...

Bem... continuando, eu fui entrando em sua sala, como se fosse a minha, e fui logo sentando lá no fundão. Pela cara que ela fez quando me viu, deve ter achado estranho o fato de eu ter aparecido por lá de repente. Mas logo ela veio sentar-se perto de mim, e de lá assistia a aula em quanto eu a esperava folheando algumas provas que tinha recebido naquele dia.

Bem então vamos adicionar um pouco de casualidade negativa neste relato e vamos ver no que dá?

Eu havia comido um pavê de chocolate muito ruim, pouco antes de entrar na sala de minha namorada, e ele me deu uma cede brava. Então a avisei que ia beber um copo d’água, ela aproveitou a situação e me pediu que trouxesse também um para ela. Então assim eu fiz. Quando ofereci o copo que havia trazido pra ela, a conversa tomou o seguinte rumo:

- Toma o copo – eu disse.
- Onde você pegou esse copo - ela disse

(explicação)
Minha namorada é do tipo que presa muito pela higiene das coisas, principalmente, do que ela se alimenta. Ela me interrogou sobre a procedência do copo, porque habitualmente as pessoas deixam copos descartáveis em cima do bebedouro, onde eu fui buscar água. Só que no meu caso, eu havia pegado os copos em um saco plástico que fica na cantina, e não os que ficam em cima do bebedouro.

Então eu respondi - Peguei na cantina.

Ela insistiu e perguntou – Sim, na cantina aonde?

Quando me preparava pra responder mais especificamente de onde havia trazido o bendito copo, uma colega de minha namorada que sentava ao seu lado, interveio minha fala é tentou dizer por mim, de onde eu tinha tirado aquele copo. Antes que sua colega conclui-se eu tomei sua fala, meio como quem queria acabar logo com aquela situação, e disse:

- Eu... peguei... em um saco...na cantina!

Não sei por que motivo, mas falei com ela como se estivesse falando com um retardado metal, que precisasse de expressões vocais monossilábicas para entender alguma coisa. Isso como vocês podem facilmente convir, não é maneira mais adequada de se falar com seu/sua campanheiro/campanheira, principalmente quando se está em um lugar cheio de pessoas.

Antes que me chamem de insensível, mau caráter, desgraçado, pilantra cafajeste e viado. Posso garantir-lhes que esse tipo de situação e tão rara pra mim, quanto um dia de caridade pra vocês.

Considero-me uma pessoa extremamente gentil e prestativa, principalmente, quando se trata de minha namorada, pela qual, tenho uma admiração sem limites. Mas, de vez em quando, como qualquer ser humano, piso na bola e acabo magoando pessoas sem querer. Enfim... O importante é a constância, isso sim, diz muito sobre quem você é.

Continuando...

Após toda essa situação, o clima ficou meio estranho entre a gente. Também não era pra menos.

O que eu quero dizer com essa história toda, é que poderiam ter acontecido várias coisas boas naquela sexta. Nossa quinta foi ótima. A sexta também poderia ter sido. Mas infelizmente por junção de casualidades e desatenção de minha parte, crio-se uma situação ruim, que eu particularmente, dispensaria da minha vida, e com certeza da vida de minha namorada também, pois se trata de uma pessoa extremamente sensível, e esse tipo de situação já é o suficiente para que ela reconsidere, momentaneamente, a idéia de me ter como namorado.

Vamos então as duas palavras que mais fazem doer à cabeça de um homem depois de SEU CORNO.

“E SE”...

E se eu tivesse tirado a copia da chave?
E se eu não tivesse os três últimos horários livres?
E se não tivesse tido cede?
E se não houvesse água no bebedouro?

Enfim... existem milhares de “E se” que eu poderia usar para interrogar-me, na tentativa de mudar o curso daquela sexta a noite. Mas de fato, isso não é possível. E não posso me eximir de nenhuma responsabilidade nisto tudo. Mas que a casualidade me deu um baita de um chute nos colhões, ha... isso me deu.

Por isso que eu digo que “O vôo da borboleta causou uma tempestade no copo d’água”.

É como empilhar uma fileira com milhares de dominós e com um simples sopro por tudo a baixo. É essa a dinâmica da casualidade. Coisas simples tomam proporções imensas! Pequenas ações têm resultados fenomenais.

Entenderam?

Viram que mundo complicado é esse o nosso?!

Casualidade é o tipo de conceito que pode te deixar louco, caso, tente ir muito profundamente a suas infinitas hipóteses... Como eu ainda quero permanecer lúcido por um bom tempo, deixo pra vocês se questionarem a respeito do que poderia te mudado em suas vidas, caso pequenos detalhes de suas histórias fossem alterados.

Só tomem cuidado! E não façam tempestades em copos d’água.