sábado, julho 09, 2011

Quem é você? Gire a garrafa e descubra!




















Olá pessoal, tudo bem? Venho trazer mais um artigo bonitinho, quentinho e cheio de pensamentos positivos que darão um novo sentido a vida de vocês!

Mentira... Não irei fazer isso.

Bem, eu havia começado este artigo (que já estava a um bom tempo parado) fazendo referencia ao meu ultimo texto, que agora já não existe mais. Isso se deve ao fato de que o mesmo estava um tanto quanto que pessoal de mais, por isso resolvi exclui-ló. Bem, para quem não o leu, se tratava de um desabafo relacionado a um desafeto amoroso, que agora já se encontra superado. Portanto o texto que serviu como uma "descarga" já não tem mais utilidade. De certa forma, até penso que me precipitei ao posta-lo.

Mas tudo bem, o importante é que agora está tudo muito bem e estou vendo elefantes verdes voadores que flutuam deixando rastros de arco-íres.

Pensando bem, elefantes voadores não são uma boa idéia... cherss!!

Mas falando honestamente, o mês passado foi um dos mais difíceis da minha vida. Não apenas devido ao problema que já foi citado, mas também pelo fato de que tentei me propor certas mudanças. Mudanças estas, que eu sábia que não iam ao encontro do meu caráter. Mas mesmo assim, comecei a refletir a respeito da minha postura diante do mundo, imaginando se esta, me tornaria uma pessoa infeliz.

Diferentemente de algumas semanas atrás, onde muitas duvidas pairavam sobre minha cabeça, agora me vejo em um bom momento. Um momento onde sei que devo me aceitar como aquilo que sou, mesmo que isso eventualmente implique na desaprovação de uma grande maioria.

Agora sei que devo manter meus olhos fixos no futuro, nas coisas boas. Naquilo que me oferece alguma expectativa. E no momento, meus sonhos, meus amigos e minha carreira tem sido meu norte. Principalmente meus amigos, pessoas as quais devo muita gratidão, não só por me apoiarem quanto aos meus desafetos amorosos, mas sobre tudo, pelo fato de me compreenderem e não me julgarem quando revelo minhas imperfeições. Esses amigos estão se mostrando verdadeiramente complacentes e invariavelmente fieis. Obrigado amigos...

Deixando todo este melodrama de lado, esses dias eu estava no meu quarto em mais uma das minhas sessões de meditação forçada, ou seja, sem nada de muito interessante pra fazer. Foi quando comecei a lembrar de algumas coisas que me ocorrem recentemente. Comecei a refletir sobre o quanto podemos nos enganar ao nosso respeito. Comecei a imaginar em que medida omitimos nossos defeitos na tentativa colorir nossas vidas, tentando fazer com que esta pareça mais bonita.

Comecei a imaginar se existe alguém além de nós mesmos que conhece tão bem nossas imperfeições. Aquelas que escondemos no fundo da nossa consciência. Que às vezes até nos deixam constrangidos. Fico imaginando o quão estranho seria um mundo onde as pessoas fossem completamente honestas a respeito de suas imperfeições. Um mundo onde tudo que fosse pensado fosse dito. Onde não existissem as velhas normas de bajulação e solidariedade forçada. Um mundo onde as pessoas realmente fossem e não parecessem. Esse mundo obviamente seria extremamente diferente do nosso. Não posso dizer ao certo se para melhor ou pior, no entanto, imagino que um pouco mais de honestidade a respeito de nossa falibilidade cairia bem na grande maioria dos casos.

Para ilustrar melhor essa questão, irei expor uma situação que me ocorreu recentemente que me motivou a escrever este artigo.

Faz umas semanas que estou de férias da faculdade, no ultimo dia de aula alguns amigos e eu resolvemos fazer um churrasco em minha república, algo para marcar o fim das aulas. Em meio a taças de vinho e espetinhos de churrasco, achamos que séria uma boa idéia fazer aquele velho e ultrapassado jogo da verdade. Então usamos uma garrafa para servir como ponteiro e logo, todos sobre o efeito do vinho, estavam animados para brincar. O primeiro giro da garrafa me condenou a falar uma verdade e a pergunta que me fizeram eu não fazia questão alguma de responder, pois me remetia ao meu ultimo relacionamento, assunto que eu fazia questão de não comentar.

Então a pergunta foi:

“Se sua ex-namorada quisesse voltar com você agora, o que você faria?”

Diante desta pergunta, naquele momento, pensei em responder algo que me fizesse parecer um cara “forte”, maduro, seguro de si e que se valoriza acima de tudo. Talvez, para que as pessoas não me achassem ridículo por ainda cultivar sentimentos por alguém que provavelmente não os merecia. No entanto, eu fiz o que sempre faço, fui sincero e direto...

Não darei detalhes a respeito da resposta para não ferir nem expor ninguém, mas a resposta se deu em um sentido de que, mesmo eu estando muito magoado por tudo que havia acontecido eu a aceitaria sem pensar duas vezes.

Simplificando assim parece meio bobo, mas acreditem, foi bem complexo!

Entre um giro e outro da garrafa, eu percebia que eu era um dos poucos a falar a verdade sem medo de ser julgado. Acredito que as pessoas devem preservar sua privacidade, mas de certa forma o que me incomodava era a forma com que essas pessoas canonizavam suas respostas na tentativa de parecerem mais dignas e menos imperfeitas. Nessas horas, ninguém têm preconceitos ou intransigências, todos querem parecer seres virtuosos e indefectíveis. Afinal, nenhum jovem adulto se masturba ou pensa em “coisas feias” não é mesmo? Sem querer levar assunto nesse sentido é claro.

Foi assim, observando o comportamento das pessoas durante esse jogo, que me ocorreu esse tema. Que tenho certeza que é comum a quase todo mundo.

NÃO ADMITIMOS NOSSA FALIBILIDADE! Tentamos parecer sempre perfeitos e a mentira é nossa maior aliada neste sentido!

Aposto que você lembra daquela vez que você tentou consolar alguém que você na verdade não estava solidário ao seu problema, você apenas tentou parecer sensível e prestativo. Ou pode lembrar daquele amigo que veio todo empolgado para sua casa e você estava tão cansado que fingiu estar dormindo. Aposto ainda, que você se lembra daquela vez que você se segurou para não rir enquanto alguém chorava.

Acho que você lembrou de alguém bem especifico agora, não é mesmo? Tenho certeza que cada um de nós já passou por alguma situação parecida, seja como vitima ou protagonista.

Estes são apenas exemplos simples, existe muita coisa pior por aí. Coisas que encobrimos, às vezes até esquecemos para que possamos dizer que somos boas pessoas, bons amigos, irmãos, filhos etc. Queremos PARECER bons em tudo...

O QUE ME ENCOMODA A RESPEITO DISSO TUDO: é que muitas vezes não agimos como realmente somos, somos algo entre isso, e o que gostaríamos de ser. Um meio termo lamentável que nem é uma coisa nem outra. É esse o tipo de pessoa que geralmente muda constantemente tentando se adequar a padrões, a grupos e aos mais diversos tipos de estereótipos que lhe forneçam algum tipo de identidade artificializada.

Em meio a toda essa bagunça, encontramos pessoas que tentam se afirmar através da ostentação. Indivíduos que precisam de algo para lhes definir. Seja um objeto ou até mesmo outras pessoas às vezes desejamos que algo fale por nós. Cada vez mais percebo que a sociedade tem priorizado esses status. Cada vez mais tentamos parecer e nos preocupamos menos em ser. Tentamos mudar para se adequar a outras pessoas ao invés de tentar consquistá-las através do nosso caráter. Tentamos a todo custo parecermos felizes o tempo todo, para que nossa vida não pareça menos interessante aos olhos dos outros.

Você não é a roupa que você veste ou carro que você dirige. Você não é sua religião, partido político ou time de futebol. Nada disso lhe define ou diz algo ao seu respeito. Nada disso faz com que você seja uma pessoa melhor se em seu caráter você for um canalha. As pessoas escondem-se atrás de seus status, como se isso fosse uma extensão de sua personalidade. Talvez façamos isso para não termos trabalho, pois tem sido mais fácil conquistar outras pessoas através da ostentação do que de qualquer outra forma.

É isso que grande parte de nós tem feito...

Acredito piamente, que devemos buscar o máximo possível sermos honestos a respeito de quem somos e do que acreditamos. Para isso, não é necessário sermos grosseiros com as outras pessoas. Sinceridade e honestidade exige acima de tudo, educação e um bocado de respeito. É possível ter ideais diferentes, ser diferente, sem ferir os outros. Basta que para isso sejamos cuidadosos.

Eu estou convencido de que não devo ir contra aquilo que acredito, não importa o quanto isso me prejudique. Se eu sei respeitar as peculiaridades de cada pessoa, o mínimo que posso esperar é ser respeitado também. Não importa se somos religiosos, ateus, hetéro ou homossexuais, temos o direito de sermos o que acreditamos que é melhor pra nós e não devemos omitir isso por medo de não sermos aceitos ou julgados. Acreditem não vale à pena.

Não pretendo condenar-me a seguir os outros, só porque isso me deixaria numa posição mais cômoda. Não vou, por exemplo, buscar sexo em uma balada só porque sei que essa é maneira mais usual de conseguir isso. Eu não quero ser usual. Eu não quero ser prático. Eu não pretendo ser igual a todos. Prefiro ser estranho mesmo. Prefiro ser eternamente julgado de chato, antiquado, infeliz a ter que me submeter a vivenciar uma realidade prosaica, onde estar entre a maioria é sinônimo de estar bem.

“Nothing is real.
Everything is far away. Everything
is a copy of a copy of a copy”

(Jack`s, Fight club)

Bem, por hora é isso. Espero que eu não tenha soado demasiado pretensioso ou chato. Sintam-se a vontade para comentar, manifestar suas opiniões por mais incomum que elas sejam.

"I started a joke
Which started the whole world crying
But I didn't see
That the joke was on me"


(Wallflowers – I started a joke)

2 comentários:

Ariane Carvalho disse...

É... Estamos no mesmo barco!

D. Novaes disse...

Várias pessoas tem pego esse barco. Ele se chama CARÁTER....

Obrigado pela leitura e o cometário Ariiane. ^.^